Manu Mendes, a modelo plus size que é militante do amor próprio

Manu Mendes é a 230ª entrevistada
A jovem Manu Mendes tinha um sonho: formar-se na universidade, ser aprovada em um concurso público e ali trabalhar por todos os dias até a aposentadoria. Estabilidade financeira, sem grandes exposições... mas não foi o que aconteceu. Quem a conhece hoje, com seus longos cabelos cor de mel, consegue entender porque a vida deu uma de suas reviravoltas e mudou a Manu de lugar. Hoje, aos 35 anos, ela tem um diploma e é funcionária pública, como nos velhos sonhos, mas também é modelo plus size. Essa nova carreira começou há apenas dois anos, mas se depender de Manu, ainda irá durar por muito tempo.

"Tem dias em que eu acordo e me sinto horrorosa, querendo fazer dieta."
Hoje, aos 35 anos, ela tem um diploma e é funcionária pública, como nos velhos sonhos, mas também é modelo...


Diferentemente do seu planejamento inicial, a carreira como modelo começou "sem querer". Sempre magra, Manu engordou depois da sua gravidez do seu filho, hoje com 11 anos. Com o fim da amamentação coincidindo com o divórcio, ela viu o peso aumentar rapidamente e, naquele momento, teve que descobrir como conviver, dali em diante, com tantas novidades: ser mãe, solteira e também gorda.

Quando seu filho já tinha 9 anos, depois de participar de muitos fóruns sobre aceitação na internet, a carioca publicou uma foto. Nos comentários, uma amiga marcou um fotógrafo conhecido que, encantado por Manu, a convidou para fazer novas fotos. Sem nunca ter feito curso de modelo, as primeiras fotos de Manu foram um sucesso: "Na semana seguinte já tinha gente me chamando para fazer fotos. Fiz um catálogo, e a partir daí comecei a receber convites de uma loja depois da outra. Também me chamaram para desfilar no Fashion Week Plus Size", conta a modelo, que nunca mais parou.

Hoje Manu acumula mais de 20 mil seguidores na internet, tem vários contratos fechados com lojas plus size e outras empresas, mas gosta de ressaltar que poderia estar "muito mais longe" se não fosse o preconceito. Além de gorda, Manu é negra e não deixa de sugerir discussões sobre racismo em suas redes sociais. A atitude, diz ela, fez com que muitas empresas a definissem como "militante demais" e pedissem que ela escolhesse entre pautar questões de raça ou fechar trabalhos. "Você pode imaginar o que eu escolhi, não é?", diz a moça, que a todo tempo escreve textos direcionados à mulher negra e o desenvolvimento de uma boa autoestima.

"Dentro do plus size tem muito preconceito ainda com as modelos mais gordas"

Ser agente de mudança da autoestima de outras mulheres pode ser um fardo muito pesado para carregar. Manu conta à reportagem do HuffPost Brasil que a sua própria aceitação sofre alguns baques. "É um processo diário. Tem dias em que eu acordo e me sinto horrorosa, querendo fazer dieta. É uma luta diária. Hoje eu me considero linda, acho meu corpo maravilhoso", conta. E completa que, ao longo desse tempo como modelo plus size, tem rompido outras barreiras de padrão de beleza.

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